A crise da Casa do furdunço

Crise do senado, um assunto pertinente, pauta dos principais jornais, motivo de gargalhadas e bastante deboche. Mas a canalhice não é algo atual, voltemos agora para o país das oligarquias, lembremo-nos da política dos governadores, do coronelismo e da política do café com leite. Algo mudou? Talvez os nomes e as artimanhas, que agora recebem o batismo de atos secretos.

Os atos secretos são ações feitas às escondidas, ilegalmente e sem um pingo de ética. São executados pelos representantes do povo e são feitos de diversas formas, mas com a mesma esperteza: embolsar o dinheiro público.

Esses senadores, seguindo o bonito exemplo do presidente do Senado, José Sarney, fazem o uso do dinheiro público para diversos fins, que são considerados ilegais.

Comecemos pela privatização do Senado, com o exemplo do astuto Sarney, que, mesmo sendo dono de inúmeras empresas no Maranhão, preferiu empregar duas sobrinhas e seu neto no Senado. Com pena da viúva do seu motorista, empregou-a para servir cafezinho, durante meio expediente, ganhando um trocadinho no valor de 2,3 mil reais mensais. É o Brasil com está.

Outra comédia no Senado é a questão das passagens aéreas. Roseana Sarney, com saudades das suas colegas “cocotas”, fez uma reunião em sua residência. A reunião “bombou”. Detalhe: as passagens aéreas foram financiadas com o dinheiro do povo. “Chega de saudade, a realidade...”.

Como Sarney não há. Senador pelo Amapá, pediu o apoio das seguranças do Senado para a proteção de sua casa em São Luís. Não é um “cutxi-cutxi”? Não pára por aí. Desatento, o ex-presidente da República, não percebeu que recebia mensalmente 3,8 mil de auxílio-moradia, mesmo possuindo uma mansão na capital do país e tendo à sua disposição a residência oficial do Senado.

Eliminando a marcação com o pobrezinho do José, o potiguar Agaciel Maia, irmão do candidato a governador em 2010, João Maia, sorteava bônus, como numa espécie de bingo, na gráfica da Casa. Ele recolhia as matrículas dos funcionários, anotava em papeizinhos, colocava em uma cumbuca e começava o divertimento.

Para todos esse atos, que em tese são ilegais, o remédio são CPI’s ineficazes, como a da Petrobras, são todos os partidos envolvidos. PT quer investigar o DEM, mas não quer ser investigado; o DEM quer investigar PT, mas também não quer ser investigado; e assim segue a batata quente, que acaba como massa de uma deliciosa pizza.

Lista dos Senadores beneficiados por atos secretos:

Aldemir Santana (DEM-DF)
Antonio Carlos Júnior (DEM-BA)
Augusto Botelho (PT-RR)
Cristovam Buarque (PDT-DF)
Delcídio Amaral (PT-MS)
Demóstenes Torres (DEM-GO)
Edison Lobão (PMDB-MA)
Efraim Moraes (DEM-PB)
Epitácio Cafeteira (PTB-MA)
Fernando Collor (PTB-AL)
Geraldo Mesquita (PMDB-AC)
Gilvam Borges (PMDB-AP)
Hélio Costa (PMDB-MG) licenciado (ministro)
João Tenório (PSDB-AL)
José Sarney (PMDB-AP)
Lobão Filho (PMDB-MA)
Lúcia Vania (PSDB-GO)
Magno Malta (PR-ES)
Marcelo Crivella (PRB-RJ)
Maria do Carmo (DEM-SE)
Papaléo Paes (PSDB-AP)
Pedro Simon (PMDB-RS)
Renan Calheiros (PMDB-AL)
Roseana Sarney (PMDB-MA) renunciou para assumir o governo do MA.
Sérgio Zambiasi (PTB-RS)
Serys Slhessarenko (PT-MT)
Valdir Raupp (PMDB-RO) licenciado (ministro)
Wellington Salgado (PMDB-MG)

Texto base: com informações da cientista política: Lúcia Hipólito.